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POLEMICAL SUBJECTS
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A TRADICIONAL VINCULAÇÃO DA GINECOLOGIA À OBSTETRÍCIA
E À CIRURGIA: ARRAIGADO CONDICIONAMENTO VINDO DO PASSADO
E DESTITUIDO DE FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS
Nelson Soucasaux
Ginecologista
"...não há razões
científicas sólidas, nem lógicas, que possam justificar a
insistência na necessidade do usual exercício integrado de Ginecologia
e Obstetrícia pelo mesmo médico, e para a atualmente chamada Toco-Ginecologia."
"...o que me parece haver
por trás desta arraigada posição que proclama como essencial a 'fusão'
Ginecologia-Obstetrícia é muito mais uma situação de conveniência no exercício
da clínica feminina. Uma 'estratégia' profissional muito bem montada,
oculta por trás de justificativas pseudo-científicas e pseudo-lógicas,
e que visa essencialmente aumentar clientela."
"...não seria mais
sensato se, como ocorre em outras áreas da Medicina, tivéssemos a Ginecologia
como especialidade fundamentalmente clínica, ficando a Cirurgia Pélvica
Feminina e das Mamas como outra especialidade, dedicada obviamente aos
casos operatórios ?"
( Nelson Soucasaux
Novas Perspectivas em Ginecologia,
Imago Ed., Rio de Janeiro, 1990, pgs. 33 e 112 )
Como
deixo claro nesta breve introdução, em termos de conceituação e exercício
profissional, contrariamente à posição dominante, sempre defendi a separação
da Ginecologia tanto da Obstetrícia, quanto da Cirurgia Ginecológica (
que, por sua vez, melhor ficaria conceituada como Cirurgia Pélvica Feminina
e Cirurgia Mamária ). ( Quanto à Cirurgia das Mamas, cabe observar
que ela cada vez mais se torna domínio da Mastologia - subespecialidade
da Ginecologia que vem adquirindo caráter de especialidade autônoma
em relação à esta. Outra situação complicada,
mas que foge aos objetivos deste texto. )
Vivemos
época em que o acúmulo de conhecimento médico técnico cada vez mais restringe
as possibilidades de atuação plena de cada profissional dentro da sua
especialidade, visto que as próprias especialidades estão em processo
contínuo de fragmentação em subespecialidades. Desta forma, o tradicional
hábito ( eu já diria um "vício" ) da prática de Ginecologia,
Cirurgia Ginecológica e Obstetrícia pelo mesmo médico torna-se cada vez
mais inviável e absurdo por implicar, de fato, na prática de três especialidades
diversas pelo mesmo profissional. Será possível, dentro dos limites humanos
tanto cognitivos, quanto de treinamento e atualização continuada
um mesmo médico exercer estas três áreas com a necessária competência
?
Quanto
à Ginecologia e à Obstetrícia, apesar do insistente e irracional hábito
da sua prática conjunta pelo mesmo profissional, a mais elementar análise
dos aspectos científicos e clínicos de ambas as especialidades leva forçosamente
à conclusão de que, apesar de as duas se referirem à mulher, elas diferem
profundamente quanto à fisiologia, à patologia e à terapêutica. A interface
comum à ambas não é suficiente para obscurecer estas enormes diferenças.
Além do mais, enquanto a Ginecologia lida apenas com a mulher, a Obstetrícia
lida com a mulher e o concepto. Aliás, o atual desenvolvimento da Medicina
Fetal ( novo ramo da Obstetrícia ) acentua mais ainda esta grande diferença.
Do ponto de vista da ciência médica, Ginecologia e Obstetrícia têm muito
menos em comum do que é usualmente suposto - ainda que, lamentavelmente,
quase ninguém queira reconhecer este fato.
Quanto
à tradicional conceituação da Ginecologia como "especialidade cirúrgica",
ela também não mais encontra respaldo científico, visto que a parte clínica
da especialidade de muito suplanta, em extensão, a operatória. Esta é
outra distorção vinda do passado e que há décadas tornou-se cientificamente
obsoleta. Desta forma, não há porque continuar-se vinculando o exercício
da Ginecologia à prática cirúrgica.
Assim
sendo, por razões sobretudo técnicas e cognitivas, sempre fui de opinião
que o ginecologista só deve fazer Ginecologia e o obstetra só Obstetrícia,
ficando a Cirurgia Ginecológica a cargo de especialistas em Cirurgia Pélvica
Feminina e Cirurgia Mamária.
Especificamente
quanto ao usual exercício integrado de Ginecologia e Obstetrícia pelo
mesmo médico, sempre fui de opinião que, em vez de estimulado ( como tradicionalmente
vem sendo ), ele deve ser desaconselhado. Lamentavelmente porém, há uma
série de interesses não-médicos, como apego à tradição e necessidade de
aumentar clientela, estimulando este tipo de prática - prática esta que,
como já salientei, vai contra o próprio desenvolvimento da ciência médica.
O outro problema é que poucas vezes a clientela consegue perceber isto,
pois as próprias mulheres já estão condicionadas à figura do tradicional
"gineco-obstetra".
Para
maiores detalhes sobre este assunto, ver o capítulo intitulado "O
Impasse na Medicina da Mulher" do meu já citado livro Novas
Perspectivas em Ginecologia.
A
ESTRATÉGIA OBSTÉTRICA NA MEDICINA DA MULHER
Nelson Soucasaux
Ginecologista
Já tendo demonstrado
à exaustão a absoluta ausência de razões científicas
e lógicas que justifiquem a obstinada insistência na usual
vinculação da Ginecologia à Obstetrícia e
que, na realidade, esta vinculação nada mais é do
que uma estratégia profissional muito eficiente para aumentar clientela,
cabe aqui acrescentar mais alguns comentários sobre como esta estratégia
funciona.
No meu livro
"Novas Perspectivas em Ginecologia"
expliquei em detalhes o que chamo de "visão obstétrica
da mulher", que é uma arcaica distorção cultural
profundamente enraizada em nossa sociedade e que consiste em, equivocadamente,
considerar a maternidade como se esta fosse a "suprema realização
da mulher". Apesar de estar em total desacordo com a realidade reprodutiva,
existencial e psicológica da mulher moderna, este arcaico ponto
de vista continua a ter fortes influências em diversas áreas
- inclusive na Medicina da Mulher, sendo em grande parte responsável
por ainda estar a Ginecologia até hoje dominada pela Obstetrícia
( ou pelo "pensamento obstétrico" ). Pesados fatores
psico-socio-culturais continuam a atuar neste sentido.
Quanto à
grande influência exercida por fatores socio-culturais na ciência
médica, Louise Lander, no seu livro "Images of Bleeding
- Menstruation as Ideology" (Orlando Press, New York, 1988),
observa que "...a Medicina como instituição social
em vez de disciplina científica também significa que doutrinas
médicas específicas podem continuar a ser adotadas a despeito
de evidências objetivas de seu caráter falacioso". Creio
que isto se aplica perfeitamente a este gravíssimo problema da
vinculação da Ginecologia à Obstetrícia.
Parece que
os médicos fundamentalmente obstetras adoram representar o papel
de "deuses" na clínica feminina. Sua vocação
para o "estrelato" costuma ser enorme. Muitos consideram a Obstetrícia
como se esta fosse o "centro" da Medicina da Mulher. Sua estratégia
profissional consiste basicamente em saberem escolher muito bem o momento
ideal para marcarem para sempre a sua presença na vida feminina.
Conforme expus em "Novas Perspectivas em Ginecologia"
sabemos que, durante a gravidez, a mulher está muito vulnerabilizada
psicológica e emocionalmente e, consequentemente, buscando no obstetra
todo o apoio médico de que necessita para percorrer com segurança
a complicada aventura da gestação e do parto. Dentro deste
momento existencial todo peculiar, se a mulher ficar satisfeita com o
atendimento obstétrico recebido, para ela, na sua fantasia, o obstetra
pode facilmente vir a assumir o papel de uma figura "heróica",
podendo inclusive ser falsamente mitificado pela cliente - ainda que,
muitas vezes, este processo psicológico ocorra a nível subconsciente
ou inconsciente.
O fato deplorável é
que, em decorrência disto tudo, após o parto e o puerpério
imediato, torna-se muito fácil para os obstetras "garantirem"
a permanência das clientes, passando daí em diante a serem
também seus "ginecólogos". O total desconhecimento
por parte da população feminina acerca das enormes diferenças
médicas entre Ginecologia e Obstetrícia também de
muito contribui para que tal ocorra. A estratégia profissional
utilizada pelos "gineco-obstetras" ou "tocoginecologistas"
para "segurarem" a clientela baseia-se exatamente nisto.
Desgraçadamente, a imensa
maioria das mulheres não sabe - e não lhes é dada
a oportunidade de saber - que Ginecologia e Obstetrícia são
especialidades muito, muito diferentes nos seus aspectos clínicos,
fisiológicos, patológicos e terapêuticos. Até
mesmo o fato óbvio de que, enquanto a Ginecologia lida apenas com
a mulher, a Obstetrícia lida com esta e com o concepto, não
parece ser suficiente para lhes despertar a atenção. Pior:
tenho visto pessoas "esclarecidas" que ainda confundem Ginecologia
com Obstetrícia... Por conseguinte, a clientela não sabe
que a competência de um profissional como obstetra absolutamente
não pressupõe a sua competência como ginecologista...
A este respeito também
sempre enfatizo que, tendo em vista os enormes avanços técnicos
da Medicina atual, torna-se cada vez mais difícil ( ou mesmo impossível
) o mesmo profissional dominar com a necessária competência
e segurança duas especialidades tão amplas e tão
diferentes como Ginecologia e Obstetrícia. Desta forma, sob a ótica
da segurança e da responsabilidade profissional, insisto em que
a usual prática integrada das duas especialidades pelo mesmo médico
deve ser veementemente desaconselhada. Porém, lamentavelmente,
o que vem acontecendo é exatamente o contrário... - e, pior,
à nível oficial !!!
Então
eu pergunto: até quando as mulheres vão se deixar enganar
pela falácia gineco-obstétrica ?
Para mais detalhes sobre este assunto, ver o capítulo intitulado
"O Impasse na Medicina da Mulher" do meu já citado livro
"Novas Perspectivas em Ginecologia".
Neste site, ver também
"A Obstinação Gineco-Obstétrica"
e "Gineco-Obstetrícia:
O que há por trás".
O
Ponto de Gräfenberg
Nelson Soucasaux
A questão do
Ponto de Gräfenberg ou simplesmente "Ponto G" permanece como um dos temas
mais instigantes e controversos de todo o estudo da resposta sexual da
mulher ao nível genital. A existência ou não, pelo menos em parte das
mulheres, do Ponto de Gräfenberg, é, até hoje, assunto extremamente controverso
e que, lamentavelmente, não tem recebido a devida atenção da própria Ginecologia.
Um dos estudos mais interessantes que conheço sobre o assunto está no
livro "Segredos de Eva: Uma Nova Teoria da Sexualidade Feminina",
de Josephine Lowndes Sevely. De acordo com alguns estudos anatômicos bem
documentados, o Ponto de Gräfenberg parece corresponder à um trecho da
uretra feminina excepcionalmente rico em glândulas peri-uretrais, tecido
erétil e terminações nervosas sensíveis à estimulação sexual.
Aqui convém
abrirmos um parêntesis para observar que a presença de glândulas peri-uretrais,
em pequena quantidade, é um achado usual na uretra feminina. Estas glândulas
situam-se ao longo do trajeto da uretra e liberam sua secreção mucosa
no interior da mesma, através de pequenos canais que aí se abrem. Existem
também as glândulas para-uretrais ou de Skene, em número de duas, e que
são sobejamente conhecidas: estas se abrem diretamente na vulva, bem junto
do orifício uretral, uma de cada lado. O tecido erétil se caracteriza
por um tipo de vasos sanguíneos que sofre uma grande dilatação durante
a excitação sexual, o que faz com que ele aumente muito de volume e fique
excepcionalmente túrgido e tenso. A maior concentração de tecido erétil
na mulher encontra-se no clitóris, no interior dos pequenos e grandes
lábios, em torno do intróito vulvo-vaginal e do terço inferior da vagina.
Em menor concentração, ele é encontrado no restante da vagina e também
um pouco ao longo do trajeto da uretra.
Segundo alguns
estudos, no trecho da uretra feminina correspondente ao Ponto de Gräfenberg
haveria uma quantidade muito maior que a usual das citadas glândulas peri-uretrais
e de tecido erétil, conjuntamente com muitas terminações nervosas responsivas
à estimulação sexual. O Ponto de Gräfenberg se situaria por trás da parede
anterior da vagina, ao longo do trajeto da uretra e, ao ser estimulado,
ficaria intumescido e seria capaz de deflagrar a resposta orgásmica. Segundo
alguns relatos, introduzindo-se o dedo na vagina e pressionando-se a parede
anterior da mesma contigua à uretra, ele não só poderia ser melhor estimulado
como, talvez, até mesmo palpado se estiver bastante engurgitado e tumefeito
em decorrência da estimulação.
Assim mesmo,
apesar de diversos relatos e alguns estudos bem conduzidos, a existência
do Ponto de Gräfenberg ainda é tema bastante controverso. É também possível
que ele só esteja presente ( ou plenamente desenvolvido ) em um número
relativamente pequeno de mulheres. Convém também observar, a título de
curiosidade, que as citadas glândulas peri-uretrais parecem corresponder
à resquícios embrionários atrofiados da estrutura que, no homem, dá origem
à próstata.
Existem também
relatos, porém muito raros e de difícil comprovação, de que, em algumas
mulheres talvez dotadas de um Ponto de Gräfenberg muito bem desenvolvido,
haveria a emissão, durante o orgasmo, de uma secreção pelas citadas glândulas
peri-uretrais - secreção esta que seria a ainda mais misteriosa e usualmente
negada "ejaculação feminina". Nestes casos porém, o grande problema é
estabelecer-se a diferença entre a referida secreção, a transudação vaginal
normal decorrente da excitação sexual e eventuais emissões de urina durante
o orgasmo.
Finalizando
este breve artigo introdutório sobre o Ponto de Gräfenberg, quero enfatizar
que tudo isto ainda é altamente controverso e, portanto, não é minha intenção
aqui assumir nenhuma posição pessoal com relação ao assunto. Apenas espero
que a Ginecologia finalmente se decida a investigar a questão com a atenção
que ela merece.
Nelson Soucasaux
Formado em 1974 pela Faculdade
de Medicina da UFRJ
Ex-Interno e Ex-Estagiário do Instituto de Ginecologia da UFRJ ( década
de 70 )
Certificado de Qualificação na Especialidade de Ginecologia ( CREMERJ
)
Autor de diversos trabalhos publicados em revistas médicas e dos livros
"Novas Perspectivas em Ginecologia"
e "Os Órgãos Sexuais Femininos: Forma, Função,
Símbolo e Arquétipo", publicados pela Imago Editora
Atuante na clínica particular desde 1975
THE TRADITIONAL
TIE OF GYNECOLOGY TO OBSTETRICS AND SURGERY:
DEEP-ROOTED CONDITIONING COMING FROM THE PAST AND DEVOID OF SCIENTIFIC
BASIS
Nelson Soucasaux
Gynecologist
"...there are neither solid scientific
reasons nor logical ones that can justify the insistence on the need for
the usual integrated practice of Gynecology and Obstetrics by the same
professional, as well as for the so-called Toco-Gynecology."
"...what seems to exist behind this
stubborn position that proclaims the Gynecology-Obstetrics 'fusion' as
being essential is, above all, a situation of convenience in the practice
of Women's Medicine. It is a very well-planned professional 'strategy'
for getting more patients, hidden behind pseudo-scientific and pseudo-logical
justifications."
"...in a similar way to what
happens in many other areas of Medicine, would it not be much more reasonable
for Gynecology to be an essentially clinical speciality, the surgical
part of it remaining as another speciality, the Female Pelvic Surgery
and Breast Surgery ?"
( Nelson Soucasaux - Novas
Perspectivas em Ginecologia, Imago Ed., Rio de Janeiro, 1990,
pages 33 and 112 )
I hope this brief introduction has
been able to make clear some of my basic positions concerning the traditional
"philosophy" of Womens Medicine. Contrary to the dominant
position, in terms of medical practice I have always struggled for the
separation of Gynecology not only from Obstetrics, but also from Gynecologic
Surgery. The latter, in turn, would be much better defined as Female Pelvic
Surgery and Breast Surgery. ( As to Breast Surgery, we must remark that
it becomes more and more a domain of Mastology - subspeciality of Gynecology
that is acquiring a position of autonomous speciality in relation to it.
Though this is turning out to be another complicated situation, it is
not the subject of this text. )
In face of the present-day accumulation
of technical medical knowledge, the possibility of each professional acquiring
a complete mastery of his own speciality becomes more and more restricted.
This happens because the medical specialities themselves are going through
a continuous process of division into subspecialities. In this way, the
traditional bad habit of the practice of Gynecology, Gynecologic Surgery
and Obstetrics by the same physician becomes more and more impracticable
and absurd because it actually implies the practice of three different
specialities by the same professional. Considering the human limitations
not only cognitive, but also of training and continuous updating
-, will it be possible for the same physician to practice these three
areas with the necessary competence ?
With regard to Gynecology and Obstetrics,
in spite of the insistent and irrational habit of their integrated practice
by the same professional, the more elementary analysis of the scientific
and clinical aspects of the two specialities leads to the conclusion that,
though both of them concern women, they deeply differ one from the other
in their physiological, pathological and therapeutic aspects. Their common
interface is not sufficient for concealing these enormous differences.
Moreover, while Gynecology takes care only of women, Obstetrics takes
care of women and fetuses. By the way, the present development of Fetal
Medicine ( a new branch of Obstetrics ) accentuates more than ever this
great difference. From the point of view of medical science, Gynecology
and Obstetrics have much less in common than it is usually supposed
though, unfortunately, almost nobody wants to recognize this fact.
As to the traditional view of Gynecology
as "surgical speciality", it is also devoid of scientific basis,
since the clinical part of the speciality by far exceeds, in extension,
the surgical one. This is another distortion coming from the past and
that, along the last decades, became entirely unjustifiable from the scientific
point of view. Therefore, there are no reasons at all for the insistence
on conditioning the practice of Gynecology to the surgical activity.
Thus, mostly for technical and cognitive
reasons, my opinion has always been that the gynecologist only should
practice Gynecology and the obstetrician only Obstetrics, and that the
surgical part of Gynecology should be in charge of specialists in Female
Pelvic Surgery and Breast Surgery.
Specifically concerning the usual
integrated practice of Gynecology and Obstetrics by the same physician,
my opinion has always been that, rather than stimulated ( as traditionally
it is ), this kind of practice must be condemned. Regrettably, there are
several non-medical reasons - as attachment to the tradition and the need
for getting more patients -, inducing physicians to simultaneously praticing
Gynecology and Obstetrics. As I always remark, this kind of practice is
incompatible with the present development of medical science. The other
problem is that patients are usually unable to realize this, because almost
all women remain "addicted" to the traditional character of the "gyneco-obstetrician".
For more details on this subject,
see the chapter entitled "O Impasse na Medicina da Mulher" (
"The Impasse in Womens Medicine" ) of my already
mentioned book "Novas Perspectivas em Ginecologia"
( "New Perspectives in Gynecology"
).
THE
OBSTETRIC STRATEGY IN WOMEN'S MEDICINE
Nelson Soucasaux
Gynecologist
In my book
"Novas Perspectivas em Ginecologia"
("New Perspectives in Gynecology"),
I suppose I have demonstrated the total absence of scientific and logical
reasons that could justify the persistence of the usual tie of Gynecology
to Obstetrics and that, as a matter of fact, this "tie" is nothing
more than a very efficient professional strategy for gaining more patients.
In this way, now I would like to add some more comments about how this
strategy works.
In "Novas
Perspectivas em Ginecologia" I have explained in details
what I use to call "the obstetric view of women", which is an
archaic cultural distortion deeply rooted in our society that consists
on, mistakenly, considering motherhood as "the supreme women's fulfillment".
In spite of being in almost total disagreement with the reproductive,
existential and psychological reality of most modern women, this old-fashioned
point of view still has strong influences in several areas. In Women's
Medicine, this "obstetric view of women" is partly responsible
for the persistent domination of Gynecology by Obstetrics ( or by the
"obstetric thought" ). Heavy psycho-socio-cultural factors remain
reinforcing this situation.
Concerning
the great influence of socio-cultural factors on medical science, Louise
Lander remarks that "... Medicine as social institution rather than
scientific discipline also means that particular medical doctrines continue
to be espoused in the face of objective evidence of their fallaciousness"
(Lander, L. - "Images of Bleeding - Menstruation as Ideology",
Orlando Press, New York, 1988 ). I believe this observation is quite applicable
to this serious problem of the traditional tie between Gynecology and
Obstetrics.
Physicians
who are fundamentally obstetricians seem to be inclined to play the role
of "gods" in the female clinic. Many of them still regard Obstetrics
as "the center" of Women's Medicine... Their professional strategy
consists on choosing quite well the "ideal moment" for leaving
the long-lasting mark of their presence on the female life. To practice
Women's Medicine having Obstetrics as "the center" is very advantageous
for the clinic because, during pregnancy, women are in a situation of
great psychological and emotional vulnerability, having a special need
for great support in order to safely go through the complicated adventure
of gestation and childbirth. For obvious reasons, they search for this
support on the person of the obstetrician. Within this very peculiar existential
moment, if a woman becomes satisfied with the obstetric assistance given
to her, the obstetrician can easily assume the position of a "heroic"
character in her fantasy, and even become "mythicized" by the
patient. This process usually takes place in women's minds at subconscious
or unconscious levels.
The regrettable result of all
of this is that, after parturition and puerperium, the obstetricians easily
become able to "guarantee" the permanence of the patients, becoming,
from that moment on, also their "gynecologists"... The total
ignorance on the part of most women about the enormous medical differences
between Gynecology and Obstetrics also contributes a lot for the occurrence
of such thing. The professional strategy the obstetricians make use of
for getting gynecologic patients is based just on this.
Sadly, the
great majority of women do not know - and the opportunity to know is not
given to them - that Gynecology and Obstetrics are very, very different
medical specialities in their respective clinical, physiological, pathological
and therapeutic aspects. Even the obvious fact that, while Gynecology
takes care only of women, Obstetrics takes care of women and fetuses,
does not seem to be enough to call their attention. Therefore, patients
do not know that the competence of a professional as obstetrician absolutely
does not presuppose his/her competence as gynecologist.
On this subject I also always
emphasize that, given the enormous technical advancements of present-day
Medicine, it is more and more difficult ( or even impossible ) for the
same physician to practice two medical specialities so wide and different
as Gynecology and Obstetrics with the necessary competence. In this way,
from the point of view of the security and responsibility in the practice
of Medicine, I think that the usual integrated practice of Gynecology
and Obstetrics by the same professional must be condemned . However, regrettably,
what continues going on at least here in Brazil is just the opposite -
and, what is even worse, at an institutional and official level !
For more details
on this subject, see the chapter entitled "O Impasse na Medicina
da Mulher" ("The Impasse in Women's Medicine")
of my already mentioned book "Novas Perspectivas
em Ginecologia" ("New Perspectives
in Gynecology"). In
this site, see also "The Gyneco-Obstetric
Stubbornness" and "Gyneco-Obstetrics:
What lies behind".
P.S.: Since
I live and work in Rio de Janeiro, Brazil, I do not know exactly to which
extent the criticisms contained in this text are still applicable to the
present-day situation of Women's Medicine in other countries ( though
the traditional tie between Gynecology and Obstetrics has always been
basically the same all over the world ).
The
Gräfenberg Spot
Nelson Soucasaux
The matter
of the Gräfenberg Spot remains one of the most mysterious subjects in
the study of the female sexual response at the genital level. The question
of the existence or the non-existence of the Gräfenberg Spot in, at least,
part of the women, is a highly controversial subject which, unfortunately,
has not received the deserved attention on the part of Gynecology. One
of the most interesting studies about it can be found in the book "Eve's
Secrets: A New Theory of Female Sexuality" , by Josephine Lowndes
Sevely. According to some anatomical studies, the Gräfenberg Spot seems
to correspond to a part of the female urethra that can exhibit a great
amount of peri-urethral glands, erectile tissue and nerve endings responsive
to sexual stimulation.
Here we must
observe that the presence of a small number of peri-urethral glands can
be usually found in the female urethra. These glands are situated along
the urethral canal and release their mucous secretion in its interior
through very small ducts that open there. There are also the two widely
known Skene's or para-urethral glands, that open directly into the vulva,
near to the urethral orifice. The erectile tissue is constituted by a
kind of blood vessels capable of great dilation during sexual excitement,
becoming exceptionally engorged, enlarged and tense. In women, there is
a great quantity of erectile tissue in the clitoris, inside the labia
majora and minora, around the vulvo-vaginal introitus and the lower third
of the vagina. A very small quantity of this tissue can also be found
in the vaginal walls and along the urethra.
According to
some studies, in the part of the female urethra corresponding to the Gräfenberg
Spot there would be a quantity greater than the usual of the already mentioned
peri-urethral glands and erectile tissue, together with many nerve endings
sensitive to sexual stimulation. The Gräfenberg Spot would be situated
behind the anterior wall of the vagina, along the urethral canal and,
when stimulated, it would become engorged and able to trigger the orgasmic
response. In accordance to some reports, introducing the finger into the
vagina and pressing its anterior wall contiguous to the urethra, the Gräfenberg
Spot could not only be better stimulated, but also touched if engorged
enough as a result of the stimulation.
Nevertheless,
despite several reports and some well-conducted studies, the existence
of the Gräfenberg Spot remains a very controversial subject. The possibility
that it can be only present ( or fully developed ) in a relatively small
number of women must also be considered. It is also pertinent to observe
that the mentioned female peri-urethral glands seem to correspond to atrophic
embryonic remnants of the structure that originates the prostate in men.
In some women
perhaps endowed with a highly developed Gräfenberg Spot, the emission
of a secretion by these peri-urethral glands during orgasm is also reported.
This secretion would be the even more mysterious and usually denied "female
ejaculation". Nevertheless, such cases seem to be very rare and difficult
to prove. The great problem here is to establish the difference between
this "mysterious" secretion, the normal vaginal lubrication resulting
from the sexual excitement and occasional emissions of urine during the
orgasm.
Before finishing
this brief introductory article on the Gräfenberg Spot, I want to emphasize
that all of this is still highly controversial and, therefore, it is not
my intention here to take any personal position on the matter. I only
hope that Gynecology finally decide to investigate the subject with the
attention it deserves.
Nelson Soucasaux is a gynecologist dedicated
to Clinical, Preventive and Psychosomatic Gynecology.
Graduated in 1974 by Faculdade de Medicina da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, he has always struggled for the opening of new paths in
the speciality, trying not only to add new dimensions to Womens
Medicine but also to look at it through new points of view.
Well-known for his innovatory and polemical positions, he is the author
of several articles published in medical journals and of the books "Novas
Perspectivas em Ginecologia" ("New
Perspectives in Gynecology") and "Os
Órgãos Sexuais Femininos: Forma, Função, Símbolo e Arquétipo"
( "The Female Sexual Organs: Shape,
Function, Symbol and Archetype" ), published by Imago
Editora ( 1990, 1993 ).
He has been working in his private clinic since 1975.
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